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GESTÃO ESTRATÉGICA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: OS IMPACTOS DO SUPLY CHAIN MANAGEMENT 4.0

Atualizado: 7 de jun. de 2023


GESTÃO ESTRATÉGICA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: OS IMPACTOS DO SUPLY CHAIN MANAGEMENT 4.0
GESTÃO ESTRATÉGICA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: OS IMPACTOS DO SUPLY CHAIN MANAGEMENT 4.0


O uso da tecnologia da informação de forma inovadora tem revolucionado a gestão estratégica da cadeia de suprimentos, tornando a logística mais efetiva gerando valor para as organizações. No entanto o uso consciente destas tecnologias traz um novo desafio para a gestores da cadeia de suprimentos, quando foram identificados pelas Nações Unidades os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS publicados em 2015. O gestor do futuro precisa entender os impactos do Supply Chain Management 4.0 em um novo modelo de negócio, com características socioeconômicas e ambientais diversas. O uso da TI traz uma reflexão sobre a adaptação no mercado de trabalho, com uma mão de obra especializada e a necessidade de capacitar seus funcionários para que sejam preenchidas as lacunas geradas por esta nova fase da indústria. A influência do Supply Chain Management 4.0 tem se tornado marcante num mercado cada vez mais competitivo, como podemos observar através dos autores citados neste paper.

Palavras-chave: Compras, Gestão da Cadeia de Suprimentos, Logística, Tecnologia.


Introdução

A gestão estratégica da cadeia de suprimentos é de fundamental importância tanto no setor público quanto no setor privado, pois quando a organização aplica em seus negócios de forma consciente os resultados positivos podem ser observados de forma qualitativa e quantitativa.

Este paper tem como objetivo trazer luz a um assunto de extrema relevância para as organizações, pois a gestão estratégica da cadeia de suprimentos tem seus reflexos nos produtos ou serviços prestados, além de ter um impacto significativo nas contas da organização.

A escolha de uma boa estratégia de logística/CS exige o emprego de grande parte dos mesmos processos criativos inerentes ao desenvolvimento de uma boa estratégia corporativa. Abordagens inovadoras de estratégia de logística/CS podem proporcionar vantagens competitivas. (Ballou, p. 50, 2006)

Em 1º de abril de 2021 foi sancionada a nova lei de licitações - Lei 14.133/21, esta lei vem com a proposta de ser um novo marco nas compras e contratações públicas, trazendo mais agilidade e transparência, além de inúmeras melhorias, a atual Lei Lei 8.666/93 está em vigor e deverá ser revogada após 02 (dois) anos desta publicação, mas já mostra o movimento do governo de aperfeiçoar a forma como são geridas as cadeias de suprimentos fazendo parta da modernização do Estado.

Não é objeto desta pesquisa o aprofundamento de leis, normas ou práticas licitatórias do setor público, mas clarear os aspectos de eficiência, eficácia e efetividade presentes na gestão estratégica de suprimentos e que traz como diferencial competitivo, o uso de tecnologias da informação que implementadas podem gerar impacto positivo na cadeia produtiva de um país, estado ou município.

Para o desenvolvimento desta pesquisa, como metodologia, foram realizadas análises qualitativas através de um referencial teórico contido e debatido na disciplina Supply Chain Management (SCM), através de autores atuais e consagrados pesquisadores do tema em questão, para isso foram feitas pesquisas através de periódicos, artigos científicos e livros. A revisão bibliográfica resultou em análises e comparativos entre diversas linhas de pensamento que colaboram com o aprofundamento sistêmico sobre as práticas da gestão das cadeias de suprimento e o uso de tecnologias. O assunto abordado nesta pesquisa está consonante com a necessidade de muitas organizações entenderem a importância de uma gestão com foco em resultados, e no mesmo diapasão traz informação sobre qualidade para o serviço prestado ao cliente e efetividade nos seus processos internos, seja através do uso de novas tecnologias logísticas ou na modernização dos seus processos.


Desenvolvimento

Não existe um único conceito que define estratégia, segundo Cabral (1998), por sua abrangência, o conceito de estratégia apresenta um paradoxo, pois exige a integração de uma série de teorias e enfoques, o que impede o completo registro de seus conceitos e abordagens. Dependendo do contexto no qual é empregada, a estratégia pode ter o significado de políticas, objetivos, táticas, metas, programas, entre outros, numa tentativa de exprimir os conceitos necessários para defini-la (MINTZBERG e QUINN, 1991).

Oliveira (2001), afirma ainda que o PE deve apresentar uma visão integrada e global da empresa, ou seja, deve partir de uma análise estratégica, que compreende o negócio, desenvolvida através dos seus setores de atividade, a fim de que os resultados passem a orientar as avaliações estratégicas, visando definir os grandes direcionamentos que devem ser seguidos dentro do horizonte planejado.

Porter (2004) afirma ainda que, o futuro das empresas pode ser identificado a partir da construção de um cenário que represente, situações que considerem os fatores políticos, econômicos, ambientais e sociais, de modo a prever incertezas, e consequentemente, auxiliar os gestores nas tomadas de decisões.

Diante destes conceitos observa-se que o pensamento estratégico faz com que o gestor de uma organização deva ter uma visão holística e perceber as necessidades tanto internas quanto externas da empresa e seus respectivos impactos em todos os elos da cadeia de suprimentos.

Já Hamel & Prahalad et al (1995) afirmam que as empresas que desejam ter lugar no futuro, devem “aprender a pensar diferente”. O autor afirma que é preciso entender o significado de competitividade, da estratégia e da própria organização, na perspectiva de garantir seu futuro.

Dentro deste contexto competitivo, em um mundo cada vez mais conectado, um grande diferencial competitivo é o uso de tecnologias emergentes como o Electronic Data Interchange (EDI), que permite a troca eletrônica de dados entre duas ou mais organizações mantendo informada toda a cadeia de suprimentos, como também o uso de tecnologias como Inteligência Artificial, Internet das Coisas ( IoT), automação, Big Data, robótica, que otimizam o tempo, garantem um maior controle dos estoques, reduzem custos, enfim, criam um ambiente propício para um ganho de produtividade e aumento de qualidade dos produtos oferecidos com um menor custo de produção.

O uso destas tecnologias possui um propósito, criar não somente integração entre empresas e seus colaboradores, mas também com o público consumidor do seu produto ou serviço, e isto se deve ao fato de ocorrer uma melhor integração e uma maior interação entre as partes, neste sentido quando se obtém esta conexão o engajamento passa a fazer parte do processo colaborativo, criando compromisso e principalmente fidelidade entre todos os envolvidos.

O uso da tecnologia na supply chain 4.0 é essencial para trazer estratégia à gestão, além de ganhar vantagem competitiva no mercado.

Haley e Krishnam (1995) identificam a Logística como a área empresarial que mais se beneficiou da automatização e da redução dos custos permitida pela TI. A TI é um recurso imprescindível para o sucesso de iniciativas de logística e Supply Chain Management (SCM). Assim, o uso da TI na SCM é um tema de destaque, que tem chamado atenção no mundo corporativo WU et al (2006).

Apesar da literatura apresentar diversos trabalhos sobre a adoção da TI na cadeia de suprimentos, ainda há poucos estudos empíricos sobre o impacto do uso da TI na SCM em relação às variáveis estratégicas organizacionais (GUNASEKARAN; NGAI, 2003). Byrd e Davidson (2003) salientam a falta de modelos que mensurem os impactos da TI na gestão das cadeias.

O modelo abaixo foi desenvolvido e validado por Feldens (2005), cujo objetivo consiste em auxiliar no processo de avaliação do impacto da TI nas variáveis estratégicas organizacionais da SCM.


Figura 1. Modelo de Avaliação do Impacto da TI no SCM. Fonte: Feldens (2005).


Dentre as variáveis que impactam a cadeia de suprimentos a integração mostra-se a de maior relevância, pois percebe-se que o ganho competitivo quando empresas utilizam a tecnologia da informação na gestão da cadeia de suprimentos, possibilitando a troca de informações das empresas parceiras no processo de suprimento além de otimizar o planejamento e o controle dos processos produtivos.

Outra variante importante a se destacar é a velocidade, fator que traduz a informática em informação automática, ou seja, proporciona maior agilidade e potencializa a tomada de decisão de forma mais assertiva mostrando-se um forte aliado quando o assunto é competitividade.

Para Gunasekaran e Ngai (2004), os conceitos de gestão da cadeia de suprimentos têm se tornado mais popular nas operações das empresas. Segundo os autores, essa percepção tem se intensificado com o desenvolvimento de TI. Para Simchi-Levi e Fine (2010), a importância da TI na cadeia de suprimentos vai aumentar nos próximos anos, pois vai permitir às empresas monitorar, planejar, executar e se ajustar melhor frente às crescentes mudanças e incertezas encontradas no mercado. A integração da cadeia de suprimentos, que abrange a integração de fluxos de informação, fluxos físicos e fluxos financeiros entre uma empresa e seus parceiros na cadeia (RAI; PATNAYAKUNI; SETH, 2006), podem ser viabilizados pela TI. Segundo Graeml, Balbinot e Csillag (2009) a intensidade que as empresas utilizam a internet e outras tecnologias melhoram a integração da cadeia.

As empresas estão investindo em tecnologias e em parcerias para desenvolver suas capacidades empresariais, através de tecnologias web, ferramentas de workflow, portais para os consumidores, fornecedores, funcionários e inovações em TI voltadas para as cadeias de suprimentos e relacionamentos com clientes (RAI; PATNAYAKUNI; SETH, 2006). Saraiva (2008) aponta também que a gestão dos contratos por meio de sistemas centralizados ou de ferramentas de análise diminui os custos da área, além de melhorar o controle do cumprimento dos contratos. O uso de tecnologias como a Internet evidencia alguns tópicos relacionados a essa utilização: tamanho da empresa, preocupações com a segurança, contratos e regulação governamental (GUNASEKARAN; NGAI, 2004). Ainda segundo os autores, a implementação dessas tecnologias pode ser influenciada pelos esquemas de incentivos, através de recompensas, treinamento e educação proporcionados aos usuários da tecnologia.


Considerações Finais

Neste paper, analisou-se o uso da TI como ferramenta estratégica e seus impactos na cadeia de suprimentos, evidenciando uma nova revolução a Supply Chain Management 4.0 que traz para o espectro da logística um grande diferencial competitivo, garantindo para as empresas uma maior efetividade, sejam elas públicas ou privadas.

A redução de custos operacionais, o controle de estoques, a automação dos processos e a satisfação dos clientes são fatores intrínsecos no uso da TI, no entanto o investimento em TI considerando a revolução 4.0 da indústria ainda não é acessível para todas as empresas, e ainda existe o receio do ser humano perder espaço para as máquinas e consequentemente aumentar o desemprego.

Diante deste cenário o mundo empresarial precisa se adaptar na mesma velocidade da inovação, formando novos perfis profissionais que irão conduzir essas novas tecnologias de forma mais participativa.

Muitos são os desafios para esta nova fase que o mercado mundial está enfrentando, mas não se esgotam neste paper as possibilidades de desenvolver novas teorias e pesquisas científicas, muito do referencial teórico são ainda do início deste século e a tecnologia está mudando cada vez mais o ambiente.

Nos dias atuais, a sobrevivência de uma empresa depende de uma consciência sustentável, em 2015, durante uma Cúpula de Desenvolvimento Sustentável na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), os 193 países membros da organização lançaram uma nova agenda para orientar suas decisões a partir dali: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma lista de 17 itens e entre eles pode-se destacar a construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação; assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis, entre outros objetivos tão importantes quanto.

Gunasekaran e Ngai (2003) enfatizam a existência de uma lacuna na literatura sobre os impactos da TI na SCM sobre as variáveis estratégicas organizacionais. Evidencia-se, então, a necessidade do desenvolvimento de novas pesquisas sobre o tema. Como sugestão de novos trabalhos, pode-se citar o estabelecimento de métricas comuns para a mensuração do impacto e da adequabilidade da aplicação das diferentes tecnologias da informação na cadeia de suprimentos.


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